A DROGA NÃO LIBERTA, ESCRAVIZA

I - INTRODUÇÃO

O uso de entorpecentes constitui um grande problema atual que preocupa pais, professores, médicos e autoridades, pelos terríveis maléficios que causam ao indivíduo, à família e à sociedade.
Como a droga leva, geralmente, ao vício e à dependência, o seu consumo é compulsório, independentemente da situação de cada um. Quem tem recursos adquire-a e quem não tem rouba para adquirí-la. A droga é adquirida e consumida a qualquer custo.
O problema se agrava com a necessidade premente que o dependente sente, porque possibilita um comércio rendoso e clandestino, que se impõe à força, de forma abusiva e prepotente. Quadrilhas organizadas e armadas, sem qualquer escrúpulo e sem o menor respeito à vida, aos poderes constituídos, às leis vigentes, cultivam plantas entorpecentes, preparam e refinam drogas e distribuem para os postos de venda instalados em vários países consumidores.
Tudo isto que está ocorrendo no mundo inteiro é fruto do materialismo grosseiro, impiedoso, escravizante e destruidor, insistentemente combatido por Allan Kardec em suas obras, por ser o verdadeiro ópio do povo. O materialismo enfraquece a vontade, oblitera a mente e conspurca os sentimentos da criatura humana, alienando-a da realidade da existência.
Os gozadores movimentam e sofisticam os seus instintos para melhor aproveitamento de tudo aquilo que o mundo oferece. E muitos não contentes com o que têm e não conseguindo alcançar o paraíso terrestres, em virtude dos inúmeros problemas naturais decorrentes da própria existência, buscam o reino fantástico através da imaginação distorcida.
Aqui, apresentamos também o enfoque espírita, mostrando em todos eles, as desvantagens do uso de drogas pelo desconforto que causam ao organismo e à mente, com consequências indesejáveis. No enfoque espírita damos um novo conceito de vida, mostrando suas grandes perspectivas, com a sua valorização no presente. A vida é o maior bem e temos que preservá-lo.
Natalino D'Olivo
1 - USO
O uso das drogas vem de um passado remoto. Nas civilizações antigas, como as da Índia, China, Pérsia e Egito, encontramos referências sobre o uso do ópio. Basta dizer que a maconha era conhecida pelos gregos há 5 mil anos e usada na China há 4 mil anos. A droga era usada para acalmar a dor, para provocar euforia nas orgias ou êxtase ou alucinações nos rituais religiosos. Até hoje, nas comunidades primitivas é usada com essa finalidade.
2 - DIVULGAÇÃO
A cocaína foi introduzida na Europa a partir do século XIX, cujo uso foi difundido por todo o mundo de forma abusiva. A maconha, conhecida na Índia há 2 mil anos a.C. foi transportada para o Oriente Médio, sendo posteriormente, introduzida no Norte da África através das invasões árabes nos séculos IX e XII.
3 - CULTIVO
As drogas atualmente são cultivadas em vários países do mundo: ópio (Irã, Índia, Turquia, Laos, China e Ásia Menor); cocaína (Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Chile, Argentina, Brasil); maconha (México, Colômbia, Marrocos, Líbano, Índia, Brasil); tabaco (Cuba, Brasil, Java, Sumatra, Estados Unidos, Turquia e Ásia Menor).
4 - O QUE É TÓXICO?

"Tóxico" é qualquer substância de origem animal, vegetal ou mineral, que introduzida em quantidade suficiente num organismo vivo, produz efeitos maléficos, podendo ocasionar a morte, em casos extremos.

5 - TÓXICO E PSICOTRÓPICO

Qual a diferença entre tóxico e psicotrópico? Todo o psicotrópico tem uma atuação na mente e no organismo, o que não ocorre com alguns tóxicos. Muitos venenos são tremendos tóxicos, cuja dose mínima chega a provocar a morte, mas não alteram a normalidade da mente, como, por exemplo: a formicida tatu, a estricnina, o arsênico, etc...

6 - TIPOS

Temos vários tipos de drogas: estimulantes, entorpecentes e alucinógenos. Os estimulantes aceleram o funcionamento do sistema nervoso central, como a cafeína, a anfetamina e a cocaína. Os entorpecentes são os tranquilizantes, os anestésicos e os soníferos. São também chamados de depressores ou psicoléticos. Também atuam no sistema nervoso central e diminuem a sua atividade mental e deprimem as tensões emocionais. Os entorpecentes mais conhecidos são: ópio, cocaína, morfina, heroína, codeína, álcool, barbitúricos, sedativos. E também os inalantes: éter, lança-perfume, clorofórmio, solventes de tintas, gasolina, cola de sapateiro, etc.. Os alucinógenos, denominados de perturbadores e psicodiléticos porque causam alucinações e despersonalização. Não aceleram nem diminuem a atividade do cérebro, mudando tudo aquilo que os nossos sentimentos captam. São os seguintes: maconha, peiote, LSD-25, STP, mescalina e psilocibina.

7 - EFEITOS GERAIS

Os efeitos das drogas são desagradáveis, embora inicialmente possam dar uma sensação de bem-estar. Os efeitos desagradáveis decorrem da dependência física e psíquica que elas provocam. A dependência física altera a química do organismo, tornando-se indispensável ao indivíduo e a psíquica, quando o indivíduo não usa a droga, deixa em lastimável estado de depressão, abatimento, desânimo e fossa, perdendo o interesse pelo trabalho, pelo estudo e pela vida.

8 - TOLERÂNCIA

A fase chamada de tolerância é aquela em que o organismo se adapta, passando a reagir com exigência da substância tornando-se dependente. E com a tolerância do organismo, o viciado aumenta a dose provocando sua morte. A tolerância leva à dependência e daí a busca desesperada da droga. Busca-a no desespero da fome ou da sede.

9 - O ABUSO DE TÓXICOS DEIXA EFEITOS NO FETO?

"Crianças nascidas de mães dependentes de heroína mostram sintomas de dependência da droga. A respeito de outras drogas há ainda controvérsia no campo da genética. A grande maioria de médicos, hoje porém, inclina a afirmar que tomar entorpecentes durante a gestação é perigoso; é capaz de criar certa dependência à droga já no feto. Com o uso de LSD, um número respeitável de cientistas reporta fragmentação cromossomal tanto em animais como no homem. Muitos afirmam que o LSD em si é capaz de causar anormalidades congênitas no feto. A maconha vem sendo estudada: há indícios de que causa danos cromossomais no feto porque em animais de laboratório (em ratos, camundongos e coelhos) já se registraram tais danos. A mescalina (cujo uso toma vulto no Brasil) produziu anormalidades fatais em cobaias. Estudos feitos indicam que a maconha, se for dada a um animal em estado de gestação, atravessa a placenta; assim, a maconha fumada durante a gravidez poderá ter efeitos adversos sobre o feto. É óbvio que ainda se precisa de muitos dados para que se possa fazer um julgamento definitivo. Conclusão: é importante salientar que as drogas podem causar danos cromossomais ou dano ao feto sem anormalidade cromossomal.

10 - DROGADO É UM DOENTE

"A Organização Mundial da Saúde considera o viciado em narcótico um doente, que deve ser tratado. O vício em narcótico não é uma doença incurável. A prática de encerrar um toxicômano numa cela e deixá-lo sem assistência, sofrendo os efeitos da síndrome de abstinência, é tão cruel quanto ineficaz. Existem, hoje, medicamentos que aliviam os sintomas decorrentes da ausência da droga e dão oportunidade a que se faça concomitantemente, um tratamento psicológico que leva o indivíduo a reintegrar-se na sociedade".

11 - QUANDO O PROBLEMA É DA POLÍCIA

"Frequentemente, o viciado comete atos criminosos, na ânsia de obter recursos para adquirir a droga. É por causa deste aspecto que o problema cai no âmbito policial. O vício é propagado principalmente pelos próprios traficantes, que procuram ganhar a confiança de pessoas imaturas ou desajustadas para induzi-las ao uso de drogas. O passo seguinte é usar o novo viciado para, por sua vez, conquistar novos adeptos, sob a pena de não receber sua quota de droga. Com a arma de chantagem, estende-se assim a rede de distribuidores. O problema, portanto, tem de ser abordado de dois ângulos: tratamento dos que são viciados e esforços para impedir a propagação do vício".

12 - É O VICIADO UM INDIVÍDUO PERIGOSO?

"Em decorrência da dependência física, qualquer viciado pode tornar-se violento para conseguir uma dose da droga e livrar-se dos sofrimentos da síndrome de abstinência. Assim, na maioria dos casos, o sujeito pode tornar-se violento, por influência indireta da droga. Este porém, não é o caso da cocaína, que induz diretamente o indivíduo à violência. A ela se deve a imagem do viciado como um sujeito agressivo, pronto a cometer um crime a qualquer provocação. Embora não produza dependência física, a cocaína condiciona rapidamente intensa dependência psíquica, pois a euforia que provoca é imediatamente seguida por profunda depressão, que só é aliviada por nova dose. A cocaína provoca dilatação das pupilas, aceleração do pulso, redução do cansaço, euforia, insônia, alucinações. Tomada por boca produz anestesia local da mucosa do estômago, de modo que não atenua a fome e a sede. Geralmente o viciado inala cocaína como o rapé, para que ela seja absorvida pela mucosa que reveste as fossas nasais. Sob sua influência, o sujeito fica agitado e excitado, com uma sensação eufórica de grande poder físico e mental. Os viciados em cocaína são medrosos e, frequentemente, acreditam que estão sendo perseguidos. Para se defender, andam muitas vezes armados e sob a influência de suas alucinações, frequentemente se tornam assassinos. Essas alucinações assemelham-se muito aos delírios que formam o quadro de uma doença mental grave, a esquizofrenia paranóide, na qual o indivíduo acredita que está sendo continuamente perseguido; para defender-se pode tornar-se perigoso.

13 - CLASSIFICAÇÃO DOS TÓXICOS

A - Morfina e seus derivados: heroína, dilaudid, dicodid, dromeran, colantina, polamidon, heptalgin, etc..
B - Opiáceos e seus equivalentes sintéticos.
C - Hipnóticos e analgésicos: barbitúricos, optalidon, doriden, neludar, saridon, fenacetina, spaltina, etc...
D - Aminas psicoanaléticas ou anfetaminas: psico-estimulantes, dexedrina, pervitin, simpatina, propisamin, etc..
E - Alucinógenos ou psicomiméticos ou psicodélicos: ácido lisérgico ou LSD, mescalina, maconha e suas variedades, haxixe, ou marijuana.
F - Outras drogas: cola de sapateiro, cocaína, álcool, etc...

II - AS DROGAS QUE CAUSAM DEPENDÊNCIA

1 - O TÓXICO: O assunto é extremamente atual; todos os dias os jornais, rádios ou canais de televisão, veiculam notícias sobre drogas; a dimensão do problema envolve verbas de 150 bilhões de dólares por ano e atinge milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, droga é toda substância natural ou sintética, que introduzida no organismo vivo, pode modificar uma ou mais funções. Desta forma, uma simples aspirina ou um "cafézinho", veiculam substâncias que modificam nossas funções orgânicas, causando alterações circulatórias e hemodinâmicas. Existem drogas que podem ser usadas para alterar as sensações e percepções orgânicas e que levam o indivíduo ao hábito de consumí-las, se tornando um dependente ou mesmo como vulgarmente denominado um "viciado". Tóxico vem da palavra grega "toxicon" (veneno) e significa todo e qualquer veneno celular, que interrompa as funções normais das células; como o crescimento, o metabolismo e a reprodução, a vida média e a atividade específica. Portanto, nem toda a droga é tóxico, e nem todo o tóxico é droga.

2 - DEPENDÊNCIA PSÍQUICA E FÍSICA: As drogas que causam dependência são classificadas em dois tipos: A-as que causam psíquica (exemplo: cocaína, maconha, anfetaminas, benzodiazepínicos, tabaco); B- e as que causam dependência física (exemplo: álcool, ópio, morfina). Dependência psíquica é um sentimento de satisfação e impulso que requer a administração periódica ou continuada da droga, para produzir prazer ou evitar desconforto. Dependência física é um estado de adaptação do organismo ao uso de drogas e que quando suspensas causam uma série de perturbações que chamamos "síndrome de abstinência", ou seja um conjunto de sinais e sintomas que aparecem quando o dependente deixa de usar a droga. São característicos para cada droga e incluem sintomas como vômitos, diarréia, convulsões, alterações na pele, além de ansiedade e agitação psíquica intensa. Um caso clássico vemos no alcoolismo, onde o alcoólatra que pára de beber, nas primeiras semanas apresenta intensos sintomas orgânicos pela ausência do álcool. Cabe ressaltar que toda dependência física é precedida ou antecipada pela dependência psicológica. Outro aspecto extremamente importante é o fato de que certas drogas desenvolvem o fenômeno da tolerância, ou seja, a necessidade de se aumentar a dose da droga para se obter o mesmo efeito, levando o usuário habitual a consumir doses letais para obter os mesmos efeitos psíquicos e/ou orgânicos, exemplo: opiáceos, alucinógenos. Disto decore o grande risco da overdose, ou seja, uma dose excessivamente alta e que resulta na morte do dependente em geral de parada cardio-respiratória.

3 - OS EFEITOS DO ALCOOLISMO: O alcoolismo pode ainda causar lesões no feto que se desenvolve, se a gestante for uma alcoólatra, resultando na síndrome de alcoolismo fetal, que causa deficiência mental ou atraso de desenvolvimento em 89% dos casos, microencefalia em 93% dos casos e defeitos cardíacos em 49% dos casos. Além dos aspectos clínicos que se desenvolvem nos dependentes, devemos analisar as graves consequências sociais do uso das drogas que são: a criminalidade, a violência, o aumento do número de acidentes nas estradas e no trabalho, levando em muitos casos a lesões deformantes e encapacitantes para o resto da vida. Vemos também consequências familiares, como o abandono do lar e o mau exemplo para os filhos. Este é o motivo deste assunto estar sendo discutido, para que sirva de alerta para toda juventude, que existe sempre a1ª. dose, pois ela é o passaporte para o inferno das drogas.

III - DROGA: UM PROBLEMA SOCIAL

1 - MOTIVOS: Diversos são os motivos que levam uma pessoa a consumir drogas e se tornar toxicômano: curiosidade, ociosidade, aventuras, contestação, fuga, moda, inibição, desunião da família, mau exemplo dos pais, estado de abandono, solidão, depressão, ansiedade, fraqueza moral, personalidade psicopática, influência do grupo, hedonismo (busca do prazer), comércio ilegal, e máfia organizada e criminosa que se impõe pelo poder do dinheiro e das armas poderosas e sofisticadas, num verdadeiro desafio à lei e às autoridades constituídas.

2 - FAMÍLIA: O dependente de drogas, além de estar física e mentalmente prejudicado, traz inúmeros problemas para a família e para a sociedade. A família dificilmente conta ele, se for adulto, para o equilíbrio do orçamento, pois ele constantemente está desempregado. E se estiver numa fase crônica, nem trabalhar pode, que exige da família constantes cuidados. Se o dependente é estudante, falta às aulas, não se interessando pela escola; cria atritos, encrencas e provoca brigas; busca outras formas de vício, busca desesperadamente o dinheiro para comprar a droga e quando não consegue, parte para o roubo gerando, sem dúvida, um problema social para a família e para a comunidade, porque envolve outras pessoas forçando a interferência da polícia. O dependente precisa de um médico, de apoio e de um acompanhamento permanente para evitar que o mesmo se complique e não cometa suicídio ou homicídio. Além de não poder contar com ele para nada, ainda tem os imprevistos desagradáveis de sua dependência. A família fica angustiada, preocupada, temerosa e inquieta. O problema da sobrevivência é agravado com os desequilíbrios naturais e inevitáveis decorrentes da preocupação com o dependente.

3 - TRAFICANTES: A responsabilidade maior é dos traficantes que procuram, através de intermediários menores, conscientizar a população jovem, distribuindo até de graça para que se torne dependente sem qualquer despesas. Eles sabem que o faturamento mesmo vem com a dependência, o consumo é obrigatório. E por esta razão a mercadoria se torna cara. A ambição pelo dinheiro e pela riqueza fácil, à custa da miséria moral de milhares de criaturas. Criaturas cristalizadas no vício da luxúria chegam ao ponto de perder o bom-senso, a vergonha e o caráter. Perdem a consciência de seus valores como gente, como criatura humana, não sabendo mais distinguir o que é certo e o que é errado. Basta ver a violência desencadeada no mundo da máfia, que nunca foi tão intensa como nos tempos atuais. Não obstante a apreensão de drogas, principalmente a cocaina e de maconha, a destruição de plantas, de laboratórios e a prisão de muitos chefões da máfia, o comércio clandestino continua, lamentavelmente.

4 - POPULAÇÃO DROGADA: A população drogada está crescendo e o consumo aumentando. Em consequência os problemas triplicam, exigindo dos poderes públicos leis mais severas e uma atuação conjunta mais intensa. As estatísticas sobre a difusão e o uso de drogas são alarmantes. Milhares de jovens morreram em consequência do seu uso. Diante de um problema tão grave, resta-nos apelar para as autoridades para que adotem mecanismos mais rígidos de controle e fiscalização, através de órgãos já criados, tornando inafiançável o crime de produção, fabricação, transporte e comércio. A nosso ver, a multa, ou a fiança, não podem substituir a pena de reclusão e o confisco dos bens.

5 - DROGAS: UMA OPÇÃO PARA A MORTE: A droga vicia, destrói o organismo e mata em pouco tempo, conforme a regularidade do consumo e a dose, razão pela qual o problema "droga" se tornou social, preocupando pais, professores e autoridades. É lamentável que a grande parte de nossa juventude, diante de tantas perspectivas de vida e de realização tenha optado pelas drogas, ou entorpecentes, ou melhor dizendo, pela morte. A opção pela morte é sintoma de desintegração da própria personalidade. Quando não se tem consciência de si, de seus valores, a vida não representa muita coisa. Viver ou morrer é simplesmente uma opção casual.

IV - COMO O ESPIRITISMO ENFOCA O PROBLEMA

1 - A ESTRUTURA DOS SERES ORGANIZADOS: A estrutura dos seres organizados bem como o seu funcionamento revelam uma sabedoria inigualável. Quem estuda a engenharia do corpo humano em todos os seus detalhes não esconde a sua admiração pela beleza e perfeição da forma como a máquina humana foi montada. A perfeição com que a matéria foi organizada induz a aceitar um princípio inteligente organizador. Tudo no universo nos leva a conceber uma inteligência superior. Por quê? É fácil entender. O conhecimento que o homem adquire no estudo das coisas e que lhe dá a característica de sábio não é maior do que a sabedoria que o objeto encerra, como por exemplo corpo humano e todas as coisas do universo. Na ordem das coisas, qual é o maior: o conhecimento que o homem adquire ou o objeto que lhe dá o conhecimento? O conhecimento das leis ou as próprias leis? O homem não inventa leis, apenas as descobre. E quem é o maior: quem descobre ou quem cria? E se o homem é importante por aquilo que conhece e faz, então aquele que criou as coisas e as leis que a regem é maior, infinitamente maior. É superior aquele que cria o objeto que forma a matéria do conhecimento humano. Deus é sábio e revelou sua sabedoria através da criação e de suas leis. O homem é inteligente e tem conhecimento das coisas que Deus cria.

2 - CAUSA PRIMÁRIA DAS COISAS: Deu é sábio e ninguém pode negar esta realidade a menos que negue sua própria existência, seu próprio saber. O homem é alguma coisa porque existe o TODO. Ele não pode negar a fonte de seu conhecimento. Se o homem cresce no conhecimento das coisas e se torna sábio mais sábio é aquele que propiciou o saber. "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas". Desta forma, quem procura o conhecimento das coisas com seriedade, encontra Deus, visto que o criador não está ausente de sua obra.

3 - O ESPÍRITO: Quem descobre a sabedoria de Deus ou de uma inteligência superior no estudo das coisas, descobre o espírito, que é o princípio inteligente do universo. Como princípio, o espírito está ligado a todas as coisas. Deus é transcendente e imanente a tudo. Existe o espírito individualizado. Essa individualização carateriza o espírito com uma determinada forma. Essa forma é uma conquista milenária. A forma, ou o corpo, melhor dizendo é o instrumento pelo qual o princípio inteligente se individualiza, tornando-se espírito, quando lhe são despertados, pelas experiências, da ação e reação, alguns atributos indispensáveis ao seu progresso como a inteligência, a sensibilidade, o livre-arbítrio e a responsabilidade.

4 - LIVRE-ARBÍTRIO: Enquanto o ser organizado está vivendo na faixa inferior do instinto somente, não passa de autômato. O instinto é que dirige tudo, e atende as duas necessidades básicas: a sobrevivência física através da defesa, da alimentação e da procriação. Quando o espírito passa a habitar a forma humana pelo natural progresso, é que começa propriamente o seu progresso espiritual, visto que o livre-arbítrio caracteriza sua individualidade. A personalidade se firma através da liberdade. É condição intrínsica da natureza. Não há progresso, sem liberdade. Nenhum ser se acomoda e aceita pacificamente um sistema de dependência e subjugação.

5 - RESPONSABILIDADE: A liberdade é atributo do espírito e nenhum ser progride sem ela. Por outro lado, a liberdade tem um preço: a responsabilidade. O homem vive em comunidade, em sociedade. É impossível a sua existência fora de um comportamento organizado. Ora, se vivemos em sociedade e estamos, todos, submetidos a um comportamento organizado pelas leis já estabelecidas pela sociedade, conquistadas através de séculos, não podemos viver sem responsabilidade. Nossa liberdade é relativa e limitada, visto que ela determina direitos e deveres e esses direitos assegurados pela lei determinada pelo princípio de liberdade não podem ferir os direitos do nossos semelhantes. Nossa liberdade é uma conquista de milênios,mas com ela está vinculada a responsabilidade. Liberdade fora de um comportamento organizado é anarquismo e não se pode desta forma pretender nenhum progresso, visto que invadimos a esfera do companheiro que tem os mesmos direitos e que faz jus ao exercício e a prática de suas conquistas. A prepotência e o egoísmo, infelizmente, não impedem essa invasão. A ditadura e a tirania são consequências do excesso de liberdade sem responsabilidade, no exercício do poder. Assim como a sociedade padece as consequências de um liberalismo desenfreado, desarmonizando tudo, assim também ocorre com o indivíduo relativamente ao seu corpo.

6 - A NATUREZA: A grande educadora Maria Montessori disse que na Natureza não há castigos nem prêmios, mas consequências. Seu pensamento está em perfeita sintonia com o Espiritismo quando este estuda alei de causa e efeito e afirma que o homem é artífice do seu destino, sofrendo as consequências naturais do seu livre-arbítrio.

7 - MAU USO DAS COISAS: Diante da liberdade das ações e do determinismo das consequências, é muito bom e recomendável meditar com profundidade sobre o uso das coisas. Tudo o que foi criado por Deus tem uma finalidade. Cada coisa deve ser usada de conformidade com sua finalidade. A forma errada de usar as coisas geralmente traz desequilíbrio para o corpo e para o espírito. Ninguém ignora isto. É um fato incontestável. Entretanto, há muitas pessoas, que, em virtude de uma personalidade estranha, desequilibrada, esquizofrênica, gostam de usar as coisas de forma contrária, o que gera uma desarmonia no comportamento organizado e agride a sociedade em que vive. Quanta gente faz mau uso das coisas. O mau uso da alimentação, da inteligência, do amor, do sexo, dos instrumentos criados para o desenvolvimento da vida. É claro que ninguém está isento da responsabilidade no mau uso das coisas. As consequências virão inevitavelmente mais cedo ou mais tarde. Elas virão em forma de desequilíbrio, de doenças, de desgostos, de frustrações, de mal-estar, de fracasso, etc...

8 - A VIDA É IMORTAL: A vida é imortal. A sabedoria divina criou a vida para ser eterna, porque eterno é o princípio da vida. A desintegração do corpo por ocasião da morte não significa desintegração do espírito. Se o espírito é o princípio que engendra e organiza o corpo, está claro que está além do organizado. Ele transcende à organização física. O espírito existe antes de nascer e sobrevive após a morte. Não vamos aqui apresentar toda a nossa argumentação científica e filosófica para provar isto.Falamos inicialmente sobre a sabedoria divina. A ciência nos fala da imortalidade do espírito pelas experiências levadas a efeito nas pesquisas e pelo contato que tivemos com eles em inúmeras reuniões.

9 - A REENCARNAÇÃO: A reencarnação é a volta do espírito ao corpo material, com o objetivo de realizar novo aprendizado para enriquecimento de sua vida. Ao mesmo tempo em que resgata o passado, aprende novas coisas. A reencarnação é um princípio da natureza que permite a educação e reeducação do indivíduo, sem o que ele não se libertará dos erros e da matéria. Esse processo não constitui forma de punição, mas um recurso da natureza para renovar e melhorar o ser.

10 - ESTIMAS: Quando o espírito retorna à matéria, o seu corpo perispiritual transmite ao corpo material estigmas causados pelo seu desequilíbrio em vida anterior. Toda a ação do espírito fica gravada nesse corpo espiritual, à semelhança de um disco. É o subconsciente que armazena conhecimentos e experiências do passado, recente e remoto, que estruturam a personalidade. A herança cultural, recebida e adquirida através dos séculos, constitui a estrutura psíquica que sustenta a forma de pensar, sentir e agir. O corpo, tomado pelo espírito desde o primeiro momento de sua formação, recebe a sua influência. O corpo em formação se amolda ao corpo espiritual.

11 - O DESTINO DA MATÉRIA APÓS A MORTE: A vida que defendemos e que todos defendem, consciente e inconscientemente, representa tudo. Vida é vida, na Terra ou em qualquer parte do universo e é em torno dela que todos os problemas giram. O que seria o universo sem a vida? Seria o caos, o nada. Ser é viver. Ser a vida é tudo, temos de valorizá-la. A morte é o não ser. Mas morte não existiria se a vida não existisse. Por isto a morte confirma a vida. Ela não é real. É simplesmente uma transição da vida. É a causa que se retrai omitindo o fenômeno ou a aparência. A vida tem que ser julgada pela vida e não pela morte, mas esta nos fala da importância daquela. Após a morte do ser orgânico, os elementos que o formam passam novas combinações, constituindo novos seres, que haurem na fonte universal o princípio da vida e da atividade, absorvendo-o e assimilando-o, para novamente o desenvolverem a essa fonte, logo que deixarem de existir. A atividade do princípio vital é alimentada durante a vida pela ação do funcionamento dos órgãos, do mesmo modo que o calor, pelo movimento de rotação de uma roda. Cessada aquela ação, por motivo da morte, o princípio vital se extingue, como o calor, quando a roda deixa de girar.

12 - A DROGA NÃO LIBERTA, ESCRAVIZA: Ledo engano daqueles que pretendem se libertar através de drogas. A natureza não dá saltos. A evolução do ser é muito lenta e se processa pelo domínio de si mesmo e das coisas pelo conhecimento sem violência. É fugaz a liberdade experimentada pelo uso de drogas. O preço dessa suposta libertação é muito alto, pois, além de grandes riscos conduz a uma dependência escravizante e vergonhosa, somente uma inteligência apoucada buscaria sua liberdade por um processo tão esdrúxulo e mesquinho. Não é esse o processo proposto pelos grandes mestres da vida. Sabemos que a libertação enseja clima de felicidade, mas o caminho é bem diferente. Uma pequena mensagem de Rubens Romanelli, pela psicografia de Euricledes Formiga, esclarece bem o nosso pensamento: "O homem que encontrou a si mesmo descobriu o segredo da felicidade. Aprendeu a remover o que já não era mais ele ou dele, a renovar-se no belo, em elevação, na plenitude da visão interior iluminada pela presença de Deus, pois estabelece, a partir daí, a ligação com os transcendente, o eterno, o puro, o ser feliz"!


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