TRATAMENTOS INOVADORES

Tratamentos Inovadores e Pesquisas


Toxina Botulínica (nome genérico)
BOTOXª (nome comercial; Botulinum Toxin Type A)

A Toxina Botulínica é um potente bloqueador neuromuscular, que desde a década dos anos 80, na prática neurológica, vem sendo utilizada para o tratamento de espasticidades, distonias faciais, torcicolo espasmódico (doloroso) e disfonias espásticas. O seu primeiro uso terapêutico foi em oftalmologia, para o tratamento de estrabismos e blefaroespasmo (Scott, 1980).
A Toxina Botulínica é uma proteína produzida pelo "Clostridium botulinum", um bacilo anaeróbio, que secretando esta potente toxina, resistente aos sucos digestivos, pode em caso de contaminação de alimentos mal conservados, principalmente os enlatados, causar o "Botulismo", daí decorrendo a origem etimológica do termo: "botulus" = Salsicha (no latim). Esta neurotoxina atua através da inibição da liberação da acetil-colina (um neurotransmissor químico) nas terminações e junções musculares.
Após vários estudos e experiências controladas cientificamente, encontrou-se a utilização terapêutica desta toxina, transformando-a em um potencial e efetivo agente terapêutico para o tratamento de diversas síndromes neurológicas, inclusive as contrações musculares involuntárias, tão comuns aos portadores de Paralisias Cerebrais.
A terapêutica deve ser instituída por especialistas (neurologistas, fisiatras, ortopedistas, etc), por via intramuscular (injeções), em diluições salinas, sendo que a dose a ser injetada varia de caso a caso, dependendo da intensidade da contração muscular involuntária, da idade e da musculatura afetada do paciente. A indicação mais freqüente, em casos de paralisias cerebrais, são os músculos das extremidades inferiores (pernas, etc), que, quase sempre, interferem na marcha e na postura. O efeito das injeções deve ser monitorado por exames clínicos e por análise da marcha, ou dos ganhos e/ou melhoria da capacidade de relaxamento muscular adquirida após este tratamento.
Como toda inovação terapêutica, o seu uso deve ser restrito aos casos que tem indicação médica, e após avaliação acurada e individualizada de cada caso. Há trabalhos científicos que relatam a melhora dos pacientes em período de 2 a 3 dias, durando, em média, por 3 meses.
No Brasil, já contamos com sua utilização para tratamentos aplicados a diversos quadros, sendo que recentemente foi legislada a possibilidade de pagamento, através das Secretarias de Saúde, oriundo do Ministério da Saúde, para os pacientes que se dirigirem às Secretarias de Saúde mais próximas de sua residência, munidos de receita médica prescrevendo o produto, e um breve relatório escrito pelo especialista que acompanha o caso, descrevendo o distúrbio do movimento ou enfermidade, tempo de duração entre diagnóstico e início de tratamento e relacionando outros medicamentos que o paciente esteja tomando (Estas informações nos foram fornecidas pelo Laboratório ALLERGAN-FRUMTROST). O número da portaria é #102, da Secretaria de Assistência à Saúde, e foi publicada no Diário Oficial da União em 08 de setembro de 1995, em lista de medicamentos que recebem liberação de pagamento para seu tratamento assistido pelo Ministério da Saúde.
Relação de artigos recebidos e pesquisados pelo Banco de Dados DEFNET:
  • Management of Spasticity in Children with Botulinum-A-Toxin
    (Internacional Pediatrics / Vol.9 / Suppl.1.1994)
    Autores: Abe M Chutorian & Leon Root.
  • Botulinum Toxin in the Management of the Lower Limb in Cerebral Palsy
    (Developmental Medicine and Child Neurology / 1994, 36, 386-389)
    Autores: A.P. Cosgrove / I.S. Corry / H.K. Graham
  • Treatment of Spasticity using local injections of Botulinum Toxin (The Mount Sinai Medical Center)
  • Demonstration Skills Workshop series
    Autores: Kathleen Albany et allii (Janeiro de 1995)
  • Terapêutica com Toxina Botulínica nos Distúrbios do Movimento (Medicus - Neurologia)
    Autor: Marcello Augusto R. de Oliveira (1995)
    Botox Update (Research Fact Sheet)
    UCP (United Cerebral Palsy Research & Educational Foundation)
    Dezembro de 1995
Maiores Informações:
Laboratório ALLERGAN FRUMTOST
Tel./Fax: 0xx (11) 829-4575 PHone: 0xx (11) 829-4077
Contato: Susanna Acel (gerente de produto)
São Paulo - SP
Botox / allergan, Inc.
2525 Dupont Drive
Irvine, CA 92715
USA 

Baclofen (Lioresal)


Muitas das pessoas com Paralisias Cerebrais apresentam espasticidade e tem alterações e flutuações do tônus muscular, sendo portanto de interesse dos pesquisadores a descoberta de meios de tratar, controlar ou aliviar os sintomas decorrentes destas situações.
O Baclofen é uma substância que vem sendo empregada, principalmente nos E.U.A., após a sua liberação pelo FDA (Food and Drug Administration), para o controle da espasticidade, principalmente por seus efeitos de relaxamento muscular e ação antiespasmódica.
Pode ser utilizado por via oral, porém os efeitos colaterais que esta administração provoca foram suficientes para a sua contra-indicação pela UCP (United Cerebral Palsy). Entre esses efeitos, encontramos: sedação, fraqueza, fadiga, aparecimento de alucinações e confusão mental, além de dificuldades com o equilíbrio e a marcha. Em doses elevadas foram relatados casos de distúrbios respiratórios e de alterações renais e cardiológicas.
O DEFNET já publicou matéria sobre o uso desta medicação, e sobre sua utilização "intratecal", ou seja dentro da medula espinhal, por um sistema desenvolvido pela Medtronics, com uma "bomba" que goteja o Lioresal no fluído da medula (líquido cérebro-raquidiano), sendo implantada cirúrgicamente sob a pele.
É um procedimento de custo elevado por ser necessária uma intervenção cirúrgica, e ainda pouco acessível em nossa realidade sócio-econômica, porém com indicações precisas para as pessoas com graves comprometimentos pela espasticidade, pela sua resultante a longo prazo (por exemplo um maior tempo de duração dos benefícios em relação à Toxina Botulínica). 

Rizotomia Seletiva
 
É um ato cirúrgico que pode servir para a correção de resultantes da espasticidade em crianças com Paralisia Cerebral. A Rizotomia Dorsal Seletiva é o corte seletivo de fibras nervosas, que saem da região dorsal da medula espinhal, e que são detectadas, no ato cirúrgico pela estimulação elétrica, como um procedimento para diminuir a espasticidade de crianças com paralisias cerebrais.
Os objetivos e indicações deste ato são a melhoria de marcha, mudanças nos movimentos ou posturas, ou então em crianças que não andam para melhorar suas condições de tratamento , higiene e cuidados corporais.
Há relatos de efeitos colaterais desta intervenção cirúrgica, havendo uma indicação da UCP Research & Educational Foundation (United Cerebral Palsy), dos EUA, para que os cirurgiões pediátricos estabeleçam um rigoroso programa de pesquisa cooperativo sobre este procedimento, não recomendando sua utilização em larga escala por pessoas com Paralisias Cerebrais.

Equoterapia (Hipoterapia)


Recentemente introduzida em nosso país, a partir dos anos 80 para 90, a equoterapia (hipoterapia) é um tratamento com finalidades cinesioterápicas através do uso de cavalos, sob orientação e acompanhamento de profissionais da área de reabilitação, em processo de interdisciplinaridade com profissionais da equitação, saúde e educação. O cavalo é uma ajuda inovadora para que um ser humano, em interação com o meio ambiente, possa adquirir mais equilíbrio corporal e emocional.
É um excelente recurso para crianças e adultos com história de lesões cerebrais (paralisias cerebrais, avc, traumas cranioencefálicos, etc...) assim como para casos de Autismo, Síndrome de Down e outros distúrbios associados a dEficiências.
Sua principal resposta é a melhora da postura e do tônus muscular do usuário deste tratamento, porém há uma melhora global em termos de reabilitação, tornando a equoterapia um apoio indispensável para os quadros deficitários. Há ainda melhoras na coordenação temporo-espacial, consciência de esquema corporal e lateralidade, com reeducação de posturas e inibição de reflexos, com conseqüente relaxamento, o que pode ser muito útil para os casos de espasticidade e outras alterações de tônus muscular.
No Brasil este tratamento vem sendo utilizado com sucesso inclusive para pessoas com Hanseníase, podendo-se ampliar seu espectro de atuação se pensarmos nos benefícios para crianças e adultos deste trabalho e convívio com cavalos (geralmente em ambientes abertos e ao ar livre). Há sempre que considerar uma melhora da autonomia, da autoconfiança e da autoestima de pessoas submetidas à equoterapia.
Em 1997, o CFM (Conselho Federal de Medicina) reconheceu a equoterapia como método terapêutico, recomendando, conforme a resolução nº 196/96 do CNS (Conselho Nacional de Saúde), a realização de pesquisas para aprimorar e aprofundar o seu conhecimento científico no Brasil.


Tratamentos Preventivos


Sulfato de Magnésio pode reduzir a incidência de Paralisias Cerebrais (National Institute of Neurological Disorders and Stroke).
Um estudo científico, realizado em 1995, nos EUA, comprovou que os recém nascidos de baixo peso apresentam uma redução da incidência de Paralisias Cerebrais quando as suas mães são tratadas com o uso de SULFATO DE MAGNÉSIO imediatamente no parto.
O sulfato de magnésio é um produto químico de baixo custo, e vem sendo utilizado pelos obstetras nos EUA para prevenir as complicações de trabalhos de parto de prematuros ou para os casos de pré-eclampsia, associados com pressão arterial elevada.
Os pesquisadores especularam que o magnésio teria um papel no desenvolvimento cerebral e poderia prevenir hemorragias cerebrais em bebês prematuros, estas hemorragias podem ser uma das resultantes de casos de baixo peso, prematuridade ou então de anóxia cerebral, que são fatores e causas de paralisia cerebral.

Copyright © 1999 Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
Reproduções desse texto somente com autorização do Autor

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